Na verdade, já comecei a leitura em dezembro 2013, mas é um
livro difícil (bem escrito, mas o conteúdo é difícil), daqueles que não dá para
ler antes de dormir já morrendo de sono.
É o segundo livro do autor que leio, e o outro, apesar de
ter um conteúdo mais fácil que esse, compreendi bem na segunda vez que li, uns
dois anos depois da primeira
leitura. E esse aqui também vou ler de novo, daqui a uns
dois anos.
A Janela de Euclides, de Leonard Mlodinow, dá destaque para
a história da geometria. Na verdade ele traz história da geometria, da
matemática, das ciências, da educação e da civilização ocidental (não dá para
separar tudo isso...), temperando com muita física. Achei o livro difícil
provavelmente por causa da física – eu me divirto com os números, mas minha
visão espacial é horrível, e tenho problemas com coisas abstratas, mesmo na
matemática.
Na parte histórica, a humanidade tinha uma bagagem de
conhecimento muito boa já nos séculos a.C. e primeiros séculos d.C., com os
gregos antigos, a biblioteca de Alexandria, etc..., conhecimento esse que se
perdeu, em grande parte, pela cobiça dos homens em conquistar territórios, em
dar mais valor à força física do que ao conhecimento, e ao desejo de dominação
através do medo e da ignorância. Grande parte dos textos antigos se perdeu
durante o período das trevas da Idade Média. Aliás, nessa época, a perda foi
dupla: além da destruição dos manuscritos dos grandes pensadores da
antiguidade, literalmente destruindo o conhecimento, não se permitiu a produção
de novos conhecimentos, “parando” o ocidente em sentido intelectual. Algumas
coisas antigas que foram resgatadas demonstram que os nossos antepassados
tinham feito descobertas e concluído coisas incríveis, que só foram “redescobertas”
recentemente, pois se partiu de uma base quase zero de conhecimento. Se os
estudos tivessem sido continuados ininterruptamente, seríamos muito mais
avançados.
O livro se baseia nas lacunas encontradas em “os Elementos”,
de Euclides, tendo isso como base para toda a evolução da Geometria. As lacunas
encontradas abriram base para muitos questionamentos. Aquilo que estudamos na
escola, que a menor distância entre dois pontos é uma reta, e que a soma dos
ângulos de um triângulo é igual a 180°, etc, não constituem verdades absolutas,
na prática isso só funciona para medidas pequenas. Até o Teorema de Pitágoras
não funciona para dimensões maiores (dimensão, nesse caso, utilizado como
sinônimo de medidas)!!! Chegando até Einstein, ele incluiu como elemento para
determinarmos a medida das coisas, o tempo. Sim, o tempo interfere no tamanho
das coisas, e a quantidade de massa também (não só pelo seu volume, mas pela
densidade). Para entender esse tipo de coisa é que preciso ler o livro de novo
daqui a uns dois anos.
Uma questão que a ciência ainda busca explicar, juntando
física com matemática – se é que isso pode ser separado – é a composição do
universo: De que somos feitos?
Lembram dos livros do colégio, que diziam que os antigos
(nem tão antigos assim) acreditam que o universo era preenchido por uma
substância chamada Éter? Inclusive o vácuo do espaço era preenchido por éter, e
a existência dessa substância é que permitiria a propagação da luz e a
transmissão de ondas. Hoje isso caiu por terra, mas ainda se questiona do que é
formado o universo, o que é que compõe a matéria... Para isso são construídos
os aceleradores de partículas, que permitem estudar a essência da matéria, as
partículas, micropartículas, nanopartículas e assim por diante que compõem a
matéria. O que está por dentro dos prótons, nêutrons, neutrinos, bósons,
etc....
Uma teoria moderna, A Teoria das Cordas, diz que não seriam
partículas, mas cordas, cordas vibrantes e tão pequenas que um acelerador de
partículas que permitisse percebê-las teria que ter uma dimensão mínima do
tamanho da nossa galáxia (ou talvez até do universo visível), o que é
impossível construir. Quem sabe daqui a muitos anos, a humanidade tenha outra
tecnologia e seja possível fazer isso de outra forma, mas por enquanto isso é
impossível. Os cientistas conceberam a teoria das cordas através de observação
de fenômenos e com cálculos matemáticos. Essas micro micro micro micro micro
cordas vibram, e vibração é energia, e energia é massa. Quanto maior a vibração
maior a energia, ou seja, maior a massa. Com os diferentes tipos de vibração,
são compostos diferentes tipos de matéria, que nós conhecemos. Por isso se diz
que existem 10 dimensões, de acordo com a teoria, para permitir diferentes
tipos de vibrações.
Explicando as dimensões, até onde eu consegui entender:
Quando você tem uma folha A4 para desenhar, você tem duas dimensões,
simplificando seria horizontal e vertical. Quando você faz uma maquete, isso é
em 3D, existe a profundidade também, o que já aumenta as suas possibilidades.
Imagine se pudesse desenhar ou construir em mais dimensões, isso seria muito
mais rico... mas aí já é abstrato demais para mim, não consigo conceber como
seriam essas dimensões, dá um nó nas minhas ideias.
Mas voltando para as cordas: a teoria diz que as cordas são
compostas de coisa alguma, pois se as cordas fossem compostas de alguma coisa,
voltaríamos ao problema inicial da composição do universo (pronto, outro nó na
minha cabeça: como pode algo ser composto de nada? – cri -cri - cri).
Existiam umas cinco versões para a teoria das cordas, e isso
passou a ser um grande problema, uma vez que a intenção dessa teoria era ser
única para explicar todo o universo, e o fato de existirem cinco versões a
invalidava. Com isso surgiu a “Teoria M”, de Edward Witten, o maior físico da
atualidade (já se cogita compará-lo a cientistas como Gauss e Descartes, e
garanto que quase ninguém ouviu falar dele, mas o Neymar todo mundo sabe quem
é, affff). A teoria M unificou as 5 versões da teoria das cordas, e disse que
as cordas, que são unidimensionais (apesar de vibrarem em 10 dimensões) são
compostas de branas (ufa, as cordas são feitas de alguma coisa). Branas é uma
abreviatura de membranas, e as branas vibram em 11 dimensões. Citando o texto
do livro: “...seu aspecto mais estranho é este: na teoria M, o espaço e o
tempo, em algum sentido fundamental, não existem.” Diz que o espaço e o tempo
seriam estruturas matemáticas que conhecemos como matrizes, e matrizes onde
todos os elementos da diagonal principal são constantes e os demais tendem a
ser zero.
Vou estudar álgebra linear para não ficar de fora da Teoria
M, mas só depois de reler “O Mundo de Sofia”, para ver se eu descubro se existo
mesmo ou não. E não me arrisco a falar mais sobre o assunto. O próprio Mlodinow – autor do livro – diz que isso são teorias que têm sido amplamente utilizadas
pela comunidade científica, mas somente teorias, que um dia podem ser
contraditas como foi a teoria do éter.
Posso ter cometido alguns erros ao tentar explicar, que com
certeza tiveram como origem a interpretação errada do que eu li, já que algumas
coisas foram muito novas e bem complexas para mim, e tive que simplificar para
poder compreender ao menos um pouco do que estava estudando.
A leitura muito curiosa, o autor escreve de modo divertido,
mesmo falando de um assunto tão formal (descobri porque o Sheldon gosta de
trens: Einstein adorava usar trens para explicar a relatividade, por causa
daquela sensação que você tem quando o trem começa a se movimentar, de não
saber se é o seu trem ou o trem que está ao lado que está se movendo). Em
alguns trechos, para conseguir explicar um assunto mais complexo, o autor dá
muitas voltas e a leitura fica um pouco tediosa, mas foi a forma que ele
encontrou de “traduzir” um fenômeno científico para fatos cotidianos e permitir
(ou ao menos tentar facilitar) a compreensão por leitores leigos, então é
perdoável.
De qualquer forma, aprendi muito, tanto sobre ciência como
sobre história, e aprendi isso de uma forma bem prazerosa lendo o livro..Sim,
acreditem, ciência é divertidíssima.